Numa partida em que as emoções se prolongaram até ao último minuto, Paços de Ferreira e Benfica proporcionaram o melhor espectáculo da Liga Sagres até ao momento. Vitória justa de um Glorioso goleador e batalhador que, ainda assim, teve pela frente um adversário feliz nos lances de bola parada. Quique Flores deu a titularidade a Miguel Vítor, Jorge Ribeiro, Rúben Amorim, Cardozo e Nuno Gomes, promovendo ainda o regresso de Aimar, após lesão. Acertou em cheio o técnico espanhol, pois alguns destes nomes fizeram a história do encontro que fechou a 4.ª jornada da Liga Sagres e que terminou com um sensacional 3-4 a favor do Benfica.
O desvio que não mudou o destino
Quando, ao minuto 12, Ozeia aproveitou um toque infeliz de Reyes e transformou aquele que era um lance dominado pela defesa benfiquista (após pontapé de canto para os pacenses) em golo dos donos do terreno, muitos pensaram que este poderia ser mais um capítulo relativo às sucessivas infelicidades que têm minado o trabalho que tem sido levado a cabo pelo Benfica de Quique Flores. E havia razões para pensar isso mesmo, pois, numa espécie de repetição de outros golos sofridos pelo Benfica, o autor do tento contrário beneficiou de um desvio num defesa benfiquista (Sidnei), antes de a bola beijar as redes à guarda de Quim.
Que poderia fazer, contra tamanha infelicidade, um Benfica que até então dominara a partida e que, jogando a cem à hora, até já ia vencendo, fruto de um magnífico golo, qual imagem de marca do tipo de futebol que tem sido ensaiado vezes sem conta no Caixa Futebol Campus? Muito fez o Benfica. É essa a resposta, mas já lá vamos. Antes, a descrição do tento inaugural de Nuno Gomes, logo aos 6’. Transição atacante à velocidade luz, com Carlos Martins a abrir em Reyes que, na esquerda, centrou largo para o toque fatal de Nuno Gomes. Pragmatismo, velocidade, dinâmica e futebol a um toque, tal como Quique pede.
Depois, já o contámos, o inesperado golo pacense. Ressentiu-se o Benfica, é certo, pelo que durante cerca de 15 minutos foram os donos da casa (preocupados em quebrar a dinâmica “encarnada” e em colocar, depois, a bola jogável nos pés do alucinante William) a controlar os ritmos de jogo. Mas esta era a noite de o Benfica se reencontrar com a felicidade e, aos 31’, colocou-se de novo em vantagem, numa altura em que começava a dominar novamente. Rúben Amorim (regresso à equipa, voltando a revelar capacidade para fechar em termos defensivos e para apresentar diversas soluções ofensivas, quer interiores, quer exteriores) serviu Nuno Gomes que, com um belo cabeceamento, obrigou Bruno Conceição a grande defesa. Quem não se ficou pelos ajustes foi Pereira que, via uma Maxi recarga, colocou o Benfica em vantagem.
A partir daí, o Paços quebrou e cedeu mais espaços a um Benfica que dinamitava por completo a defesa contrária. Rúben Amorim, esse, confirmou o excelente final de primeira parte, centrando largo para o estoiro (sem preparação), ao lado, de Reyes. Logo de seguida, repetiu a fórmula, desta feita coroada de sucesso, pois Tiago Valente colocou a mão à bola e deu a Cardozo a possibilidade de concretizar, no seu regresso à equipa, o 1-3, na transformação de uma grande penalidade. Curiosamente, ainda antes do intervalo, foi Sidnei a dispor de um autêntico castigo máximo, mas o seu remate, após domínio em plena área pacense, foi salvo pelo joelho direito de Chico Silva. E, respirando fundo, chegávamos ao intervalo.
Ribeiro contra a reacção pacense
Mudou um pouco o sentido de jogo no início da segunda parte. Factor suficiente para causar alguns momentos de perigo junto da baliza benfiquista. Ainda assim, sem produzir futebol suficiente para o merecer, o Paços de Ferreira conseguiu reduzir para 2-3, aos 62’, num lance de insistência de Rui Miguel, após defesa incompleta de Quim, na sequência de um livre em jeito de canto mais curto.
Tocou o alarme na formação lisboeta e eis que de vermelho se escreveram os minutos seguintes. Ora, se Carlos Martins, aos 69’, ainda ameaçou, num remate com a canhota (assistência do regressado Aimar), já Jorge Ribeiro (na sua estreia na Liga Sagres), pouco depois, lançou uma “bomba” que, após embater no poste esquerdo, “rebentou” nas redes alheias. Estaria confirmada a vitória benfiquista caso o irreverente William não tivesse, aos 85’, reduzido para 3-4, num lance novamente nascido numa bola parada (um canto, no caso). Ainda teve de sofrer o Benfica para, já nos descontos, ver os pacenses disporem de duas boas oportunidades, na sequência de outros tantos livres laterais. Primeiro ao lado, depois bela defesa de Quim. E assim se esfumou a possibilidade de os nortenhos chegarem ao empate, algo que, diga-se, seria tremendamente injusto, caso tivesse acontecido. O Benfica jogou mais, pecando apenas na eficácia defensiva em lances de bola parada. No entanto, feitas as contas, a primeira vitória benfiquista… essa já ninguém a tira.
Estádio da Mata Real, em Paços de Ferreira.
Paços de Ferreira - Benfica: 3-4.
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