Eficácia com espectáculo
O Benfica aplicou nova goleada na 4.ª jornada da Liga. Depois da “chapa 8” ao V. Setúbal, na Luz, o conjunto de Jorge Jesus foi ao Restelo concretizar quatro golos sem resposta, numa partida em que a seu domínio foi avassalador ao longo dos 90’.
Depois do 2-0, aos 57’, o conjunto de Jorge Jesus demonstrou uma impressionante superioridade e o resultado final até peca por escasso face às oportunidades de golo antes da obtenção do terceiro e quarto tentos.
Com uma casa bem composta, predominante de cor vermelha, o primeiro minuto do jogo demonstrou um Belenenses com a lição bem estudada nos lances de bola parada – perigoso remate de cabeça de Diakité após um livre indirecto de Zé Pedro – e depois, a fase inicial da partida, também demonstrou que o adversário estava sem cerimónias, em termos de agressividade, na disputa das jogadas divididas (entrada muito perigosa de Mano sobre Di María perante a passividade de Olegário Benquerença).
No entanto, o facto de o Belenenses ter jogado nos limites no primeiro quarto-de-hora, não condicionou a estratégia do Benfica que fez circular o seu habitual domínio nas quatro-linhas através de rápidas transições ofensivas e um bom jogo de primeira quer pelos corredores laterais quer pelos centrais.
Foi a prova inequívoca de que quando o modelo de jogo está oleado e consubstanciado em princípios tácticos bem definidos pelos jogadores, as adversidades são contornadas com naturalidade.
“Show” de Saviola na fase inicial
Por isso, aos 5’, numa investida rápida pelo corredor central de Saviola (após ter recebido o esférico bem longe da grande área), surgiu a jogada que originou o primeiro golo da partida que afectou os planos do Belenenses. Um tento que relevou a enorme importância de Saviola na manobra do losango de Jorge Jesus - pelo facto de ser um falso ponta-de-lança, o internacional argentino tem uma mobilidade que confunde as movimentações padronizadas das defesas adversárias.
E essa versatilidade de movimentos permite-lhe recuar no terreno para organizar jogo ou para efectuar acções de rompimento como aconteceu no lance que colocou o Benfica à frente do marcador (Saviola galgou terreno, depois entrou para dentro já na grande área e a seguir fez um chapéu que Nélson defendeu de forma incompleta. Depois, na recarga, desferiu um remate central que empolgou os adeptos benfiquistas).
Três minutos volvidos, Saviola, com mais uma acção rompedora agora junto à linha do fundo, tirou um cruzamento largo que Cardozo quase finalizou com êxito junto ao segundo poste. Em vantagem, sendo uma equipa que é forte na capacidade de pressing e sabe explorar com perícia os flancos, o Benfica conquista um cenário que vai bem ao encontro das suas características.
De resto, o facto de o Belenenses apenas ter criado um remate (com relativo perigo) na segunda parte, aos 82’, numa altura em que já perdia por 3-0, é bem elucidativo das referidas qualidades técnico-tácticas do conjunto de Jorge Jesus.
A visão de jogo de Rúben Amorim
No entanto, o Benfica não foi na primeira parte uma equipa tão criadora como na segunda porque o Belenenses foi sempre um conjunto pouco ambicioso, exibindo indiferença perante a desvantagem no marcador. E essa postura pouco ambiciosa traduziu-se na prática numa concentração de jogadores no último terço do terreno, o que dificultou o trabalho de assistência de Aimar e Di Maria.
Só que este Benfica tem uma variedade de soluções ofensivas e os laterais sabem assumir o papel de desequilibradores quando os atacantes estão a evidenciar dificuldades – aos 33’, o lateral direito Rúben Amorim cruzou na direita da linha de fundo e Saviola rematou ligeiramente por cima.
Já na segunda parte, à passagem do minuto 57, Rúben Amorim voltou a evidenciar-se na vertente ofensiva com um passe de ruptura que isolou Saviola na zona esquerda da grande área. O argentino, depois, fez uma assistência para o centro, onde Cardozo “encostou” com facilidade. A partir daqui, o Belenenses caiu bastante em termos anímicos e, sobretudo, em termos físicos. E, pior do que isso, desorganizou-se, o que alimentou (e de que maneira) a veia goleadora do Benfica.
Dinâmica, resistência e velocidade
Seguiram-se contra-ataques atrás de contra-ataques a um ritmo alucinante e a goleada está à vista face à superioridade do Benfica que ganhava facilmente a posse do esférico e acelerava (com pouca oposição) para a baliza adversária.
Mas este Benfica, como se tem visto, também sabe ser forte nos lances de bola parada e, na exploração dos elevados centímetros de Javi Garcia, surgiu o 3-0 aos 76’ – cruzamento perfeito de Aimar para uma entrada fulgurante do médio benfiquista que desferiu um remate cruzado ao segundo poste.
De referir que antes do terceiro tento, Cardozo (60’) e Fábio Coentrão (73’) estiveram muito perto de fazer o 3-0 mais cedo, mas os seus remates cruzados foram desviados antes de atingirem a baliza.
O Belenenses arrasado também pela enorme capacidade física do Benfica não conseguiu evitar que a supremacia encarnada resultasse em mais um golo, apontado aos 88’ por Ramires que personifica exemplarmente a dinâmica, a resistência e a velocidade do conjunto de Jorge Jesus.
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